terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ética e ateísmo

Belíssimo texto de Bruno Müller falando sobre ética na sociedade de ontem e hoje.


Por Direitos animais – Bruno Müller
http://www.anda.jor.br/?p=33042


Certa vez conheci uma pessoa que me disse que, ao saber que eu era ateu, sentiu-se receosa, mas que, com o tempo, percebeu que apesar disso eu era uma boa pessoa – como se o ateísmo fosse um entrave para o desenvolvimento ético de um ser humano. No entanto, essa mesma pessoa era perversa, manipuladora, mentirosa, arrogante – para resumir, uma hipócrita. Com o tempo, entendi que não havia uma contradição em sua personalidade. Não que pessoas religiosas sejam necessariamente hipócritas, mas aquelas mais fanáticas e que se consideram ungidas de uma missão divina, como era o caso dela, frequentemente o são, mesmo sem se dar conta. Isso porque é necessária uma boa dose de arrogância para acreditar conhecer os segredos do universo, ter “linha direta” com um deus e sentir-se apto a revelar – ou impor – esses segredos aos demais.

Ainda jovem, quando a curiosidade me levou a frequentar alguns cultos, entendi que o pecado que mais se observa nas igrejas e templos é o do orgulho, da vaidade. O que há na fé que faz as pessoas se sentirem melhores que as outras que não têm fé ou não têm a supracitada “linha direta”? Não tenho resposta pronta para essa pergunta, mas esta leva a uma outra questão, mais fácil de abordar: o sentimento de superioridade lhes leva a supor que não há bondade fora da religião, que quem não tem religião não possui estatura moral ou capacidade de praticar o bem e o respeito ao próximo.

Diversas vezes ouvi, de forma direta ou velada, a opinião de que um ateu não pode ser uma boa pessoa. Em 2007, uma pesquisa feita no Brasil mostrou que os ateus são o grupo que seria mais amplamente rejeitado pelos eleitores numa eleição presidencial: 84% admitiriam votar num negro, 57% numa mulher, 32% em um homossexual, e 13% num ateu; 57% disseram que não votariam em um ateu em hipótese nenhuma [1]. Pesquisas nos Estados Unidos têm resultados muito semelhantes.

Frequentemente, quando se debate a diversidade e a tolerância religiosa, é comum se ouvir a seguinte frase: “o que importa é que cada um, a seu modo, está em busca de deus”. Se você não busca, então você não conta, está aquém do resto da humanidade. Há também os que dizem que o ateísmo é rebeldia adolescente e que, cedo ou tarde, o ser humano aceita a ideia de um deus. Existe também batida máxima de que os ateus são pessoas amargas e infelizes que adorariam acreditar em um deus ou apenas ainda não foram “despertas”. O cronista Reinaldo Azevedo certa vez escreveu: “Tendo a achar que, se dependesse da vontade, todo mundo acreditaria em Deus. Mas há quem não consiga, ainda que queira.” [2]

Deixei de acreditar em um deus aos 16 anos. Hoje, com 30, tenho cada vez mais convicção da inexistência de um deus e cada vez mais antipatia pelas religiões instituídas. Sou hoje, sendo adulto, mais ateu que há 14 anos. E sei que crer em um deus não me faria mais feliz nem mais completo. Não é uma vontade mal-suprida, algo que “não consigo, ainda que queira”. Pelo contrário: a ideia de um deus me gera angústia e tristeza, pois simboliza hierarquia, superioridade, poder, enquanto eu acredito na radicalidade da liberdade e da igualdade, e que somente pela consciência damos valor aos nossos atos. Fazer o bem obrigado por deus é como fazer o bem obrigado pelos pais ou pela lei: é uma ação moralmente neutra. Não tem valor intrínseco, pois não partiu da consciência, e sim de uma coação externa. Podemos nos conformar à lei por conveniência ou medo, mas apenas quando fazemos o que é certo por livre escolha somos pessoas verdadeiramente conscientes – mesmo que isso vá contra a conveniência, o benefício pessoal e a própria lei (pois, como sabemos, o direito e a ética frequentemente não coincidem).

Daí, na minha opinião, o elevado valor de optar por um estilo de vida vegano. Não quer dizer que os veganos sejam automaticamente pessoas boas, melhores ou superiores. A ética humana não é linear: pode-se ter uma grande consciência ética num campo e uma grave falha de caráter noutro. Eu bem sei que conheço alguns veganos completamente desprovidos de caráter, da mesma forma que há onívoros com elevada consciência ética em relação aos humanos, embora sejam todos deficientes éticos perante os animais. Como disse Milan Kundera numa passagem que já citei, o verdadeiro teste da bondade humana está perante aqueles que não podem nos fazer nenhum mal, nem reagir ao mal que lhes infligimos, e contra quem as injustiças praticadas não levam a algum tipo de punição. Estes são os animais. E neste teste fundamental da bondade, a maioria dos seres humanos falha miseravelmente.

Outro caso: certa vez ouvi de uma católica fervorosa que não se poderia afirmar com certeza que Gandhi teria sido aceito no paraíso. Afinal, ele não professava a religião “correta”. Vindo daqueles que professam os pretensos altos valores morais de sua fé, isso revela, ao contrário, o completo desprezo por eles: não importa seu caráter ou a contribuição dada em vida para a paz, a justiça, a liberdade. Importa apenas se você se curva diante do “verdadeiro” deus. Não é apenas uma ideia como essa que é detestável. Todo o sistema de crenças que lhe dá origem não pode ser senão um completo equívoco.

Alguns dos maiores crimes cometidos pela humanidade tiveram na religião sua justificativa, senão seu motor principal. Dentre elas, as religiões monoteístas abraâmicas – judaísmo, cristianismo e islamismo – se mostraram particularmente sanguinolentas [3]. O maior genocídio perpetrado em toda a história – o extermínio dos povos nativos da América pelos conquistadores europeus – foi justificado em nome do cristianismo, tanto católico quanto protestante. Cerca de 90% dos habitantes da América em 1492 foram exterminados num espaço de poucas décadas [4]. Também a maior migração forçada da história – de africanos para a América – e o maior, mais recente e mais complexo sistema escravista que a motivou vicejou e prosperou, em vez de minguar, sob os olhos complacentes do cristianismo – de novo, tanto protestante quanto católico.

Cultuando a obediência e a hierarquia, defendendo o dever da expansão da “verdadeira” palavra divina e inteligentemente utilizado pelos conquistadores europeus, o cristianismo se revelou a ideologia perfeita para o colonialismo. Você poderia matar, torturar, escravizar, explorar, oprimir, e ainda alegar que estava promovendo e difundindo o bem. É absolutamente ocioso discutir se isso foi só uma “instrumentalização” ou “distorção” da fé religiosa, por dois motivos: primeiro, os colonizadores, em sua maioria, ainda que em grau maior ou menor de fervor, eram sinceramente crédulos nas palavras da Bíblia; segundo, as autoridades eclesiásticas, responsáveis pela salvaguarda da doutrina, eram elas próprias coniventes com tais atrocidades e corrompidas pela sede de poder e riqueza.

Algumas das guerras mais sangrentas da história foram guerras religiosas. Muito antes das Revoluções Francesa e Russa, antes do nazismo e de sequer se imaginar a possibilidade de guerras mundiais ou hecatombes nucleares, os indivíduos se matavam em nome de deus. O mais prolongado conflito anterior ao século XX, a Guerra dos 30 Anos (1618-1648), foi uma guerra religiosa. Em apenas um episódio, a Noite de São Bartolomeu, em 1572, milhares de protestantes franceses foram massacrados pelos católicos. Proferir a religião errada na Europa das Idades Medieval e Moderna era, se não um terrível risco, como no caso da Inquisição, pelo menos um grande inconveniente – que o digam os judeus, vítimas de leis discriminatórias e violências sazonais (os chamados pogroms). Havia que se professar sua fé em silêncio e às escondidas para não ser alvo de perseguição e violência. Quantos massacres não caíram no esquecimento para que hoje a Igreja Católica possa projetar uma autoridade moral da qual carece num mundo tão moralmente corrompido como é o nosso?

Isso para não mencionar os conflitos religiosos contemporâneos. Fala-se muito de fundamentalismo islâmico hoje em dia, mas se esquece que existe também um fundamentalismo cristão, sediado nos Estados Unidos e que encontrou seu ápice no governo de George W. Bush, marcado por um profundo desprezo pelo que não é judaico-cristão, um senso missionário de exportação dos valores “americanos”, uma desconfiança e até hostilidade à ciência e um forte conservadorismo de costumes.

A repulsa pelo pensamento dissonante é tão profundo no cristianismo que o maior pecado que pode cometer um cristão não é o assassinato, nem mesmo o suicídio, mas o pecado da “heresia”. Séculos de discurso religioso vendem ao termo “heresia” um sentido terrível. Na verdade, porém, “heresia” é tão somente uma “distorção da fé”, isto é, uma discordância e interpretação distinta da doutrina e do dogma religioso. É precisamente isso que era o heliocentrismo: um pecado mortal contra a doutrina religiosa, por afirmar que a Terra não era o centro do universo.

Por isso Galileu teve de se haver com a Inquisição. Se a verdade está contra deus – pior para a verdade. Aliás, um axioma típico do pensamento religioso. No filme Crimes e Pecados, de Woody Allen, um personagem diz, a certa altura: “Se for necessário, eu sempre vou escolher deus à verdade”. Não deveríamos temer a verdade. Mesmo a mais dolorosa verdade pode nos libertar: conhecer a realidade é ter o poder de transformá-la. Em outra passagem do filme, outro personagem diz: “o universo é um lugar muito frio; somos nós que o investimos com nossos sentimentos”. Tal passagem, aparentemente desoladora, de fato nos concede a autonomia moral de optar o que vamos fazer de nossas vidas. Cabe somente a nós tomar as decisões corretas, optar se vamos contribuir para o bem ou o sofrimento alheios. “Somos nós, em nossa capacidade de amar, que atribuímos sentido ao universo indiferente”, por fim, diz o mesmo personagem numa das últimas frases do filme.

As chamadas religiões da “nova era” gostam de afirmar que deus está em todas as coisas – o que nada mais é que uma versão pós-moderna do deus onipotente, onipresente e onisciente. Porém, para acreditarmos que existe uma conexão entre as consciências ou na energia que o corpo humano emite, não precisamos chamar isso de deus nem muito menos crer em deus. A energia é um fato físico cientificamente comprovado. Se não podemos testar, reproduzir ou comprovar a existência de algum tipo de conexão mental promovida pelo vínculo afetivo ou afinidade de ideias, isso não significa que esse fato seja sobrenatural e não possa ser explicado um dia – nem tampouco que existe uma inteligência superior que a tudo dá sentido. Nossos pensamentos são ondas cerebrais. Como as ondas do rádio, é possível que possamos “sintonizá-las” com outras mentes que operam na mesma frequência. Se quisermos chamar essa sintonia de “deus”, isso se deve tão somente à incapacidade de escapar da tradição judaico-cristã, e não porque ela realmente manifeste a existência de um ser criador do universo.

De fato, creio que nem mesmo a possibilidade de vida após a morte depende de um deus para ser válida. Por sinal, o budismo, que muitos veem mais como uma filosofia que uma religião, aponta nesse sentido: um universo que prescinde de deus, cujo objetivo é a evolução interior. Afinal, se o universo depende de um criador, caímos num paradoxo: se há um criador do universo, qual a origem do criador? Mistério insolúvel. Alegar que nossa limitação terrena impede a resposta, como afirmam os religiosos, não soluciona o problema: se não podemos encontrar a resposta para este dilema, então a hipótese de que não há criador em absoluto é tão válida quanto a hipótese de que há – e esta os religiosos não admitem.

Por fim, quando me perguntam, então, por que não me mantenho aberto à ideia da existência de um deus, me vejo forçado a afirmar: porque devo estar disposto a aceitar o dogma judaico-cristão, e não o dogma hindu ou das muitas outras religiões existentes no mundo? O agnosticismo assume uma postura subalterna diante do monoteísmo abraâmico. Ou você já conheceu algum agnóstico que está aberto à ideia da existência de Brahma, Vishnu e Shiva? Se estamos dispostos a admitir a existência do deus abraâmico, por coerência, devemos admitir a possibilidade de existência de outros deuses, pois não há nenhum fato que demonstre que as religiões abraâmicas são as únicas que podem ser “verdadeiras”. Adotar essa postura é por si só curvar-se ao monoteísmo abraâmico e adotar uma postura etnocêntrica, ocidentalista e arrogante. Diversas religiões já foram abandonadas e perdidas, seja voluntariamente ou por imposição externa. Como não supor que issso também não possa ocorrer com as religiões contemporâneas, inclusive as abraâmicas?

Vejamos o caso do suicídio, que aludimos mais acima. Por que o suicídio é particularmente condenado por todas as religiões? Os sinos da Igreja não tocam por um suicida. Se ele for judeu, não pode ser enterrado no cemitério judaico. Não há perdão ou compaixão para o suicida – que deve ser justamente o ser humano mais necessitado de ambos, devido ao estado de sofrimento que lhe faz abrir mão da própria vida. Ora, os religiosos veem o suicídio (com razão, do seu ponto de vista) como uma afronta a deus. Toda religião é baseada no medo da morte e na necessidade de acreditar numa vida após a morte. Se o ser humano não temer mais a morte, significa que não teme mais a deus. Por isso os suicidas são os maiores inimigos das religiões: um exército de “desgarrados” para quem deus não oferece mais nenhuma resposta.

O que nos leva à própria relação inseparável entre religião e poder. O antropólogo Pierre Clastres, em seu clássico A Sociedade contra o Estado, levanta uma interessante hipótese: a de que o Estado surge não pela propriedade, como afirmavam Rousseau e os marxistas, mas pela autoridade religiosa. Nas sociedades tribais, bem como nas sociedades mais antigas de modo geral, em que o conhecimento objetivo do universo não estava disponível pelas limitações técnicas e científicas de suas épocas, e a vulnerabilidade diante das intempéries da natureza era enorme, aqueles indivíduos capazes de “interpretar” os sinais da natureza e “intermediar” a relação do ser humano com o sobrenatural (o “divino”) eram investidos de grande poder. Por isso, em todas as sociedades pré-modernas – incluída a Europa até fins do século XVIII – as autoridades religiosas eram, senão as mais poderosas, extremamente poderosas. Os soberanos políticos, não raro, eram tidos como ungidos pela autoridade divina – como os reis da Europa – ou divindades eles mesmos – como os faraós e o imperador azteca.

E por que afinal os crentes supõem que um ateu não pode ser uma pessoa boa? O que significa essa suposição? Significa dizer que o ser humano é essencialmente mau e precisa de uma força externa para comandá-lo a praticar o bem. Nesse caso, o bem não é praticado por consciência, mas pelo medo da punição – o inferno, o karma ou coisa parecida – ou, na melhor das hipóteses como “moeda” em troca de alguma recompensa, uma “graça divina”. Existiria de fato alguma ética e bondade no ser que age apenas movido pelo medo ou o interesse pessoal?

Pelo contrário, a religião não nos ensina de fato sobre o bem e a moral. A maioria dos seres humanos pode conjugar os dois fatores, mas na verdade a ética é completamente autônoma da religião. Como afirmei no último texto, o ser humano tem uma capacidade inata de distinguir entre o certo e o errado. Essa capacidade pode ser estimulada e desenvolvida pela educação e a vida social ou, ao contrário, distorcida e silenciada pela mesma, mas está latente no ser humano por meio não só da razão vulgar, como dizia Kant, mas também do sentimento de compaixão, como destacou Rousseau. Algumas questões complexas podem requerer o debate e a ajuda de um especialista (diga-se, um estudioso da ética, e não uma autoridade religiosa como costuma ser o caso), mas essas são as questões auxiliares ou marginais, não as básicas. Todo ser humano SABE que é errado matar, mentir, praticar agressão física, verbal ou moral, e assim por diante.
Por tudo isso, tendo a concordar com Marx quando este disse, em A Questão Judaica, que a verdadeira liberdade religiosa consiste em libertar-se da religião. A religião não nos ensina sobre o bem não apenas por conta da autonomia da ética, mas também porque frequentemente males são praticados e justificados em nome da religião, como nos inúmeros exemplos que dei ao longo do texto. Entretanto, não defendo, por isso, o ateísmo oficial ou a perseguição religiosa como se viu nos regimes socialistas, dos quais sou extremamente crítico, como sabe quem lê os meus textos. A busca da espiritualidade responde a uma inclinação legítima do ser humano em questionar-se sobre o sentido da vida e sua continuidade. Essa busca interior deve ser respeitada como parte da liberdade individual de crença e de pensamento. Porém, embora muito frequentemente os crentes acusem os ateus de querer impor a não-fé, são as religiões institucionalizadas as que promovem perseguições e cruzadas religiosas, recorrem à violência, à exclusão e ao autoritarismo para preservar seu poder. Pois o controle que detêm da linguagem simbólica ainda hoje é fonte de grande poder, justamente por esta inclinação natural do ser humano à busca do sentido da sua existência.

É por esta razão que sou, antes de tudo, opositor das religiões institucionalizadas, que são forças opressoras e disciplinadoras do ser humano. O pensamento religioso é deficiente para responder à questão dos direitos fundamentais do ser humano, pois é todo fundado em dogmas. Ou os aceitamos, ou somos excluídos. Nós, como indivíduos, é que não deveríamos dar importância às opiniões das igrejas. Espero que um dia a humanidade possa libertar-se dessas amarras.

De qualquer modo, não vejo sentido, por exemplo, nesses movimentos para que a Igreja Católica mude suas posições sobre celibato, homossexuais, camisinha, aborto… Ainda que seja questionável o direito da Igreja Católica de condenar o divórcio, o sexo com camisinha ou a homossexualidade, pelo que essas opiniões absurdas podem acarretar em termos de preconceito e violação de direitos, as igrejas, como qualquer organização da sociedade civil, têm o direito de escolher seus membros e opinar sobre as questões da sociedade. Diante da epidemia de AIDS, por exemplo, a condenação da camisinha não é apenas um equívoco, é moralmente duvidoso. Quanto à questão do aborto, deveria ser debatida sobre bases éticas, racionais e científicas, jamais religiosas [5]. Ainda assim, se você não concorda, tanto melhor sair da Igreja, ora! Para que frequentar um espaço que não aceita sua personalidade ou suas opiniões? Em vez disso, escolha-se a liberdade! Parafraseando Groucho Marx: eu não gostaria de entrar (ou permanecer) num clube que não me aceitasse como sócio [6].

Sempre que escrevo sobre religião sou criticado por intolerância e perseguição. Os mais benevolentes sugerem que aceite deus em meu coração. Pois bem… como disse acima, não tenho nada contra pessoas religiosas. Tenho amigos religiosos e respeito suas opiniões. Ao escrever sobre ateísmo exerço tão somente minhas liberdades: liberdade de pensamento, liberdade de expressão e… liberdade religiosa! Pois tanto quanto um religioso tem o direito de ser respeitado pela sua fé, praticá-la e expor suas opiniões, nós, ateus, temos o direito de sermos respeitados pela nossa ausência de fé na religião e em um deus, e também de expressarmos nossas opiniões.

O ateísmo não representa, como muitos desejam, a ausência de moralidade. Um ateu pode ser imoral, antiético e sem caráter como qualquer outro indivíduo, mas isso nada tem a ver com o ateísmo em si. A maioria da humanidade é religiosa, de modo que, se ética e religião fossem realmente irmãs siamesas, já viveríamos no “paraíso”. Por outro lado, não existe ética mais elevada do que aquela originada tão somente da consciência individual, motivada pelo senso desinteressado do dever e do respeito, e não pelo medo da punição ou desejo de recompensa. Por isso, a verdadeira ética não existe em ninguém apesar do ateísmo. Pelo contrário, a ética pura, embora possa conviver e coabitar com a fé religiosa, prescinde em si mesma, e por completo, de qualquer deus ou religião, e só pode estar baseada na autonomia e consciência morais do indivíduo.



[1] Fonte: Revista Veja. “Como a Fé Resiste à Descrença”. 26 de dezembro de 2006, edição 2040, pp. 70-7. Os dados da pesquisa estão na página 72.
[2] Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/veja-5-so-13-dos-brasileiros-votariam-num-ateu-para-presidente/
[3] Adota-se essa terminologia porque as três grandes religiões monoteístas têm a origem comum no patriarca Abraão.
[4] Cf. TODOROV, Tzvetan. A Conquista da América. A Questão do Outro. São Paulo: Martins Fontes, 1996, especialmente p. 123 e ss. Os dados sobre o genocídio dos nativos americanos encontram-se na página 129.
[5] Pessoalmente tenho objeções éticas ao aborto na maioria dos casos, pelo direito à vida que o feto tem a partir do momento em que é senciente.
[6] A frase original do comediante, para quem não sabe, é: “eu não entraria num clube que me aceitasse como sócio”.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Relacionamentos (Arnaldo Jabor)

Sou um admirador de Arnaldo Jabor, então escolhi algo dele que é bem tocante e está no cotidiano de muitas pessoas. O Texto "Relacionamentos", sintetiza muito bem o que muita gente passa, aproveitem.


Relacionamentos
Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:

- ‘Ah, terminei o namoro… ‘
- ‘Nossa, quanto tempo?’
- ‘Cinco anos… Mas não deu certo… Acabou’
- É não deu…?

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.

E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.

Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.

Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?

E não temos esta coisa completa.

Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.

Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.

Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.

Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.

Tudo nós não temos.

Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.

Pele é um bicho traiçoeiro.

Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que
é uma delícia.

E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona…

Acho que o beijo é importante… E se o beijo bate… Se joga… Se não bate… Mais um Martini, por favor… E vá dar uma volta.

Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.

O outro tem o direito de não te querer.

Não lute, não ligue, não dê pití.

Se a pessoa ta com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.

Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.

O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.

Nada de drama.

Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?

O legal é alguém que está com você por você.

E vice versa.

Não fique com alguém por dó também.

Ou por medo da solidão.

Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.

E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro.

Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

Gostar dói.

Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração.

Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo.

E nem sempre as coisas saem como você quer…

A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.

Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.

Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias.

E nem todo sexo bom é para namorar.

Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.

Nem todo beijo é para romancear.

Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.

Enfim… Quem disse que ser adulto é fácil?

(Arnaldo Jabor)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Perdeu-se a essência (Um puxão de orelha)




Por que não mais sorrir? Simplesmente ser feliz, brincar feito criança, rir e rir e rir por horas com amigos, com a família, conversar besteiras, amar ao próximo do mesmo modo que queres ser amado, por que não?
Porque eu tenho que mostrar à sociedade hipócrita que eu estou sofrendo ao invés de mostrar que estou feliz? Por que optar pela infelicidade?

Sabe, às vezes ficamos “felizes” com a morte de um parente, que já sofre há anos, e queremos que aquele sofrimento tenha um fim, quantas pessoas já se aliviaram por causa de um término de uma dor inesgotável ao seu ente querido? Eu sempre digo, quando se ama, se é um só, o que um sente, o outro sente.

A essência e a razão da vida, é simplesmente viver de forma plena e saudável para você e para o próximo.
Aproveitar cada momento, pois essa única vida da qual temos certeza pode se findar a qualquer momento, e em sua sã consciência, desfrute, viva todas as emoções, sinta amores, dores, saudades, tenha vitórias e derrotas, após sua morte você não terá como se arrepender do que não fez, grite, aprenda algo, ensine, sorria, chore, faça amor, não use drogas, aproveite todas as emoções de cara limpa, é mais gostoso, e não permita que ninguém, tire a essência da sua vida.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Desabafo em forma de música

Muitos relacionamentos são assim, como essa música que postei do grupo Fundo de Quintal, que com a poesia musicada, mostra um relacionamento em seus altos e baixos.
Aproveitem, interpretem e reflitam.


Fundo de Quintal

Teu choro já não toca meu bandolim
Diz que minha voz sufoca teu violão
Afrouxaram-se as cordas e assim desafina
Que pobre das rimas da nossa canção
Hoje somos folha morta
Metais em surdina
Fechada a cortina Vazio o salão

Se os duetos não se encontram mais
E os solos perderam a emoção
Se acabou o gás
Pra cantar o mais simples refrão

Se a gente nota
Que uma só nota
Já nos esgota
O show perde a razão

Mas iremos achar o tom
Um acorde com lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez o nosso cantar
E a gente vai ser feliz
Olha nós outra vez no ar
O show tem que continuar

Se os duetos não se encontram mais
E os solos perderam a emoção
Se acabou o gás
Pra cantar o mais simples refrão

Se a gente nota
Que uma só nota Já nos esgota
O show perde a razão

Mas iremos achar o tom
Um acorde com lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez o nosso cantar
E a gente vai ser feliz
Olha nós outra vez no ar
O show tem que continuar

Nós iremos até Paris
Arrasar no Olímpia
O show tem que continuar

Olha o povo pedindo bis
Os ingressos vão se esgotar
O show tem que continuar

Todo mundo que hoje diz
Acabou vai se admirar
Nosso amor vai continuar

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Galáxia tem bilhões de planetas como a Terra, diz cientista

A galáxia tem pelo menos 100 bilhões de planetas semelhantes à Terra, afirmou no sábado um cientista dos Estados Unidos durante a conferência anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência, em Chicago.Alan Boss, do Carnegie Institution of Science, de Washington, disse ainda que muitos desses astros podem ser habitados por formas de vida simples.
Até hoje, os telescópios disponíveis conseguiram detectar pouco mais de 300 planetas fora do nosso Sistema Solar.

No entanto, apenas alguns deles seriam capazes de abrigar a vida.A maioria são "gigantes de gases", como Júpiter, enquanto outros orbitam tão perto de seu "Sol" que qualquer organismo teria que sobreviver a temperaturas elevadíssimas.

'Bactérias'

Baseado na quantidade limitada de planetas descobertos até agora, Boss estimou que todos os corpos celestes semelhantes ao nosso Sol têm em média, em sua órbita, um astro com características semelhantes às da Terra."Não só esses planetas são provavelmente habitáveis, como também eles provavelmente serão habitados", disse o cientista à BBC."

Mas creio que o mais provável é que essas 'Terras' próximas de nós sejam habitadas por seres que eram mais comuns na Terra há 3 ou 4 bilhões de anos, como as bactérias."Segundo Boss, a missão Kepler da Nasa, prevista para ser lançada em março, deve começar a encontrar alguns desses planetas dentro de poucos anos.

Recentemente, um estudo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, tentou quantificar quantas civilizações inteligentes viveriam no espaço e chegou à conclusão de que pode haver milhares delas.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2009/02/090215_planetasml.shtml

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

"Obama o Anticristo"



Acalmem-se fanáticos em geral, o título desse post não é para corroborar o que muitos lunáticos acham por aí. Se você fizer uma rápida pesquisa no Google escrevendo “Obama Anticristo”, você irá se surpreender como existem pessoas tão loucas nesse mundo.

Bem, eu posso afirmar que ele não é um Anticristo, assim como eu também não sou. Pois não podemos ser Anti qualquer cultura, lenda, ou costumes de um povo, seja ele primitivo ou não. Não posso ser Anti bruxas dos festejos de halloween, não posso ser Anti Tupã, Anti Papai Noel, Anti Saci Pererê, Anti Gnomos, Anti Dragões chineses, pois eu, assim como o presidente Obama, estamos a favor de todas as manifestações folclóricas dos povos espalhados no mundo todo. Pra mim, então, Jesus Cristo, Demônios, Cobras falantes, Bode voador, Anjos, Arcanjos e Burra falante são somente mais um dos inúmeros folclores de muitos povos.

O que somos contra são o uso desse folclore, dessas lendas como verdades impostas goela abaixo, principalmente em crianças onde ainda não conseguem discernir a fantasia da realidade, ou impostas como lei, para cometer atos bárbaros em nome de algum ser folclórico imaginário.

O fato de muitos pensarem que Obama é anticristo é por causa de um discurso humanista que ele fez, onde o próprio enfatiza e prioriza a humanidade como um todo, não dogmas ou lendas religiosas, ele pensa no melhor pra população global, diferente de uma religião que só pensa no melhor para o grupo de semelhantes religiosos, e se não for do mesmo grupo é bom trazer esta pessoa para dentro do grupo, pois cada grupo é detentor de uma verdade absoluta.

Que Obama faça um ótimo trabalho, meus parabéns, os humanistas estão felizes.

O vídeo tem mais ou menos 5 minutos falando sobre aborto, preceitos da bíblia, cristianismo, crenças, descrença etc, assista: